O ensaio biográfico de Stefan Zweig sobre Friedrich Nietzsche reafirma a atração do escritor austríaco pelo lado mais obscuro da alma humana. Não lhe interessava o sucesso. Zweig era fascinado pela tragédia, pelas ambiguidades e pelo fracasso como uma mariposa é atraída pela luz.
Ele tinha 42 anos quando publicou esta biografia, mas o filósofo alemão já morrera havia 25 anos. Ou seja, não faltava a Zweig nem material nem distância temporal para analisar amplamente a obra nietzschiana.
No entanto, há um ponto focal que hipnotiza Zweig e ofusca uma visão mais abrangente da obra do filósofo — e é, precisamente, seu lado mais humano e sofrido.
O que o interessa e o que o intriga é o preço que Nietzsche pagou por seu isolamento — inclusive dentro da comunidade acadêmica. O escritor quer saber das doenças, do sofrimento físico, do desespero. Como ele próprio explica, “(...) é precisamente em seus momentos mais grandiosos que a tragédia de Friedrich Nietzsche não tem espectador, ouvinte ou testemunha no mundo alemão. No início, enquanto fala da cátedra na condição de professor, e a força da luz de Wagner o ilumina, suas palavras ainda despertam alguma atenção, mas, quanto mais ele mergulha dentro de si mesmo e no tempo, menos eco encontra”.
É precisamente para este ponto — o pulo no abismo — que se dirige esta biografia. Bela, emocionante e terrível, retrata com fidelidade a tragédia heroica da vida de Nietzsche.
Editora Nova Fronteira se tornou referência no mercado editorial como a casa dos grandes autores da literatura nacional e estrangeira, tendo publicado obras fundamentais para o leitor brasileiro.